Substância deixa de ser
proibida no país e passa a integrar lista de medicamentos aprovados para uso
terapêutico, mas sujeitos a controle
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu nesta quarta-feira liberar o uso
terapêutico do canabidiol no Brasil. O composto deixará de fazer parte da lista
de substâncias proibidas pela agência e passará para a categoria C1, de uso
terapêutico permitido, mas sujeito a controle.
A
mudança na classificação do canabidiol foi aprovada por unanimidade pela
diretoria da Anvisa, em reunião realizada em Brasília. Segundo a agência, a
decisão "abre caminho para pesquisa mais ampla, com vista a desenvolver
medicamentos com esta substância no país".
O canabidiol é um dos 480 compostos da maconha. Extraído
do caule e das folhas da planta, a substância não é psicoativa nem tóxica. O
que promove o efeito alucinógeno é o tetraidrocanabinol (THC), substrato da
resina e da flor da Cannabis sativa. É ele o responsável pela alteração de
raciocínio, lapsos de memória, perda cognitiva e dependência.
Apesar da exclusão do canabidiol da lista de substâncias
proibidas no Brasil, o processo para importar produtos à base do composto em
associação a outras substâncias derivadas da maconha permanece o mesmo e exige
autorização excepcional. Mas, de acordo com o diretor-presidente interino da
Anvisa, Jaime Oliveira, o procedimento deve ser revisto e simplificado em um
prazo de até 40 dias.
Efeitos - Estudos consistentes têm demonstrado o potencial da
substância em diminuir a frequência de crises convulsivas entre pacientes com
doenças neurológicas graves que não respondem ao tratamento convencional. Hoje,
no Brasil, 600 000 crianças são portadoras de epilepsia grave, refratária aos
anticonvulsivantes tradicionais. Cerca de 400 famílias usam o canabidiol.
Outras pesquisas apontam que a substância também pode ajudar pessoas com
doenças como Parkinson, esquizofrenia, insônia e ansiedade.
Nos Estados Unidos, o composto é liberado em 21 estados,
como suplemento alimentar. Sob a forma de pasta, cristais, spray ou gotas, o
canabidiol é vendido em farmácias de manipulação ou diretamente com
fabricantes. São os próprios produtores que controlam a qualidade de seus
produtos. Todos, porém, têm de seguir a regra de não ultrapassar a quantidade
de 0,6% de THC nos produtos com canabidiol, de modo a não oferecer riscos ao
paciente.
Fonte secundária: O Globo.
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