O NUD/UFCG E O CENTRO ACADÊMICO DE PSICOLOGIA DA UFCG REALIZAM ATIVIDADES EM ALUSÃO À SEMANA DA LUTA ANTIMANICOMIAL

Atividade com a turma de Saúde Mental - curso de Enfermagem

Na segunda-feira, dia 15 de maio de 2017, foi realizado o encontro e a elaboração do Varal da Redução entre membros do NUD/UFCG e estudantes do sétimo período do curso de enfermagem da mesma instituição. A convite da professora Priscilla Castro, que ministra a disciplina de Saúde Mental, o Núcleo realizou a facilitação de uma Roda de Conversas sobre saúde mental, proibicionismo, Redução de Danos e modos de cuidar; e, posteriormente, a construção do Varal da Redução - agregando as concepções pessoais dos integrantes da turma sobre a RD e as reflexões fomentadas pelo debate. 

Foi um encontro horizontal e fluido, com uma turma que se mostrou bem sintonizada e conhecedora dos temas discutidos. Ademais, o que mais nos fez e faz vibrar é a importância de um encontro deste tipo, tendo em vista que profissionais de psicologia e enfermagem, frequentemente, atuam em conjunto nos serviços de saúde, o que torna estes diálogos necessários e extremamente potentes. 

Após mais de duas horas de uma deliciosa discussão, foi construído o Varal que ilustrou as estratégias de cuidado e Redução de Danos que cada um concebe e adota para consigo e com o outro. Encontramos pessoas comprometidas com a democratização e a humanização dos espaços e concepções de saúde, que reforçam o movimento de luta coletiva por modelos alternativos de vida e sociedade. Que mais processos como este venham a acontecer!


Roda de Conversas sobre a Reforma Psiquiátrica, a Luta Antimanicomial e o contexto político atual. 

Discutir a Reforma Psiquiátrica e o caminhar (ou o estancar) da Luta Antimanicomial, em tempos sombrios, no espaço acadêmico, foi (e é) não só pertinente, mas urgente. Estamos em tempos de gritos e não mais de sussurros! Somos afetados e afetadas, diariamente, e utilizamos tal afeto, a la Espinosa com pitadas de Deleuze, enquanto potência para nos levar à existência e à resistência. 

A arte do bom encontro nos permitiu unir forças, no dia 18 de maio de 2017, para dialogar e refletir sobre os modos de cuidar de ontem e de hoje, o olhar para a subjetividade, os direitos humanos, a ética e a implicação destes na vida das pessoas. 

Com a contribuição do professor e psicólogo Felipe Paiva, e do professor e psiquiatra Edmundo Gaudêncio; estivemos reunidos e reunidas com alunos e alunas de vários períodos do curso de Psicologia da UFCG, além de pessoas advindas de outros cursos e outras instituições. 

Iniciamos a tarde com uma contextualização do panorama político atual e as suas implicações no contexto da Saúde, como um todo, mas com foco na Saúde Mental. Além disso, pudemos fazer uma caminhada histórica por todo o processo de (des)manicomialização  - entendendo de onde surge a compreensão da loucura tal qual (ainda) a empreendemos hoje, assim como os movimentos que buscaram e buscam tirá-la do lugar de abjeto e realocá-la para o lugar social/real/vivo - ou de produção de vidas. Trouxemos, por fim, uma reflexão necessária a respeito do espaço - e/ou da ausência dele - das pessoas que requerem atenção mediante o uso problemático de álcool e outras drogas enquanto sujeitos, muitas vezes, de um não-lugar nas discussões da Saúde Mental e nas próprias práticas de cuidado. 

Foi um encontro extremamente potente! 
Atravessado por questões importantes e uma construção coletiva. 

Pudemos sair provocados e provocadas a pensar o nosso lugar num movimento que já está posto e que não é estanque. Aliás, que requer luta e forças cotidianas em um momento marcado por muros ideológicos e camisas de forças sem laços ou cordões. 





Cine Antimanicomial - Organização do Centro Acadêmico de Psicologia 


O filme “Bicho de Sete Cabeças” sempre proporciona um misto de sentimentos e inquietações, que nos leva a refletir sobre o que nós estamos fazendo e sobre o que poderíamos fazer para modificar esta realidade manicomial e encarceradora... E foi a sua exibição que conduziu a discussão ocorrida no encerramento da programação da Semana da Luta Antimanicomial, realizada no CCBS/UFCG.



Durante a discussão, foram trazidas considerações sobre os processos e os discursos que legitimaram a exclusão da loucura do convívio social, que ocorreu a partir da justificação do louco enquanto detentor da “desrazão”, logo, uma categoria “perigosa” para a sociedade. Foi pauta do debate também o percurso que fez com que a loucura se tornasse doença mental, levando-a ao domínio científico, objetificada pela Psiquiatria. Desse modo, a Psiquiatria e os discursos médicos passaram a centrar o seu saber na doença mental e não no sujeito. 

Contudo, o advento da Reforma Psiquiátrica acarretou transformações no pensamento do sofrimento mental, que possibilitou o surgimento de novos espaços e ações de promoção à saúde, com foco no sujeito e não mais na doença, almejando um novo lugar social para a loucura. Nesse sentido, entendemos a Reforma Psiquiátrica como um processo social complexo, que, ao colocar a doença entre parênteses, passa a ter um novo olhar aos sujeitos em sofrimento psíquico. 

Desse modo, as falas ocorridas durante o debate fortaleceram e potencializaram o papel dos profissionais que atuam na Saúde Mental no tocante à promoção da transformação desses estigmas, que deve ocorrer através de uma atuação política, de forma solidária e com compromisso ético, pautada na garantia dos direitos humanos e na redução das desigualdades sociais.

Saímos do encontro motivados e convocados a pensar, criar e inventar formas e estratégias que possam contribuir para a modificação de estigmas e estereótipos tão fortalecidos historicamente e culturalmente, a fim de promover a transformação dessa sociedade excludente e lutar contra quaisquer formas de reducionismos. E esta transformação deve começar em cada um de nós. Através de exercícios diários e cotidianos fecharemos os manicômios que habitam em nós e em nossas práticas discursivas...

Esperamos ainda que a poesia do saudoso Belchior esteja presente na caminhada dos profissionais que atuam com a saúde mental, e que amar e mudar as coisas (sempre) interesse mais...



Escrito por Aleff Aleixo, Camilla de Melo e Jully Rocha.

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