09:26

GRUPO DE ESTUDOS ABERTO IRÁ DISCUTIR A BARBÁRIE NA "CRACOLÂNDIA"

by , in
O NUD/UFCG, mais uma vez, vem a público para dizer o quanto se sente afetado e angustiado com todas as atrocidades que vêm acontecendo na chamada Cracolândia - ou em um nome mais adornado, limpo e iluminado: na região da Luz, em São Paulo. 

Provocados e provocadas, e em contato constante com pessoas que estão mais próximas, geograficamente, de tudo; permanecemos resistindo. Não podemos nos calar!

Diante disso, estaremos promovendo amanhã, dia 25 de maio, às 14h, mais um Grupo de Estudos Aberto, com o debate: Na trilha da Luz para um tema sombrio: violação de direitos e violência contra pessoas que usam drogas na chamada Cracolândia

Exibiremos o documentário Hotel Laide, de Débora Diniz, e utilizaremos como pano de fundo para a discussão o texto "Sem pudor, resguardo ou escolha: A construção de um estigma sobre os usos “ilegítimos” dos tóxicos no início do século XX" (de Thamires Regina Sarti Ribeiro Moreira – Livro: Dichavando o poder: drogas e autonomia –  Org: Coletivo DAR). 

Para quem ainda não conhece o referido documentário e sua relação com o que está sendo proposto, utilizamos a fala de Maria Rita Kehl para explicar: 


"Débora Diniz traz, neste curta de pouco mais de 20 minutos, bela resposta para este triste momento em São Paulo, a destruição da melhor experiência de atenção a usuários de drogas altamente vulneráveis no Brasil. 

O programa "De Braços Abertos", na chamada Cracolândia, propunha cuidado por meio da promoção de direitos de cidadania. Foi reconhecido como modelo pela ONU, por entidades e especialistas de todas as vertentes mundo afora.

Domingo, 900 policiais, comandados pessoalmente por Alckmin e Dória, invadiram as casas de pessoas em tratamento, bombardearam equipamentos de saúde, desalojaram famílias, feriram crianças, pessoas com deficiência e prenderam arbitrariamente dezenas de pessoas.

Terrível episódio de violação dos princípios Democráticos. Uma ação populista, comprovadamente ineficaz, de franca disputa política, onde se busca demonstrar autoridade e filiação à ordem diante das denúncias que recaem sobre eles e o PSDB. Para isso, miseráveis estão sendo massacrados e, de quebra, a especulação imobiliária é favorecida.

Assistam, compartilhem.


*o hotel foi incendiado" 

Esperamos vocês!
Vamos investir, resistir e insistir!
Vamos falar sobre vidas! 



08:22

O NUD/UFCG E O CENTRO ACADÊMICO DE PSICOLOGIA DA UFCG REALIZAM ATIVIDADES EM ALUSÃO À SEMANA DA LUTA ANTIMANICOMIAL

by , in
Atividade com a turma de Saúde Mental - curso de Enfermagem

Na segunda-feira, dia 15 de maio de 2017, foi realizado o encontro e a elaboração do Varal da Redução entre membros do NUD/UFCG e estudantes do sétimo período do curso de enfermagem da mesma instituição. A convite da professora Priscilla Castro, que ministra a disciplina de Saúde Mental, o Núcleo realizou a facilitação de uma Roda de Conversas sobre saúde mental, proibicionismo, Redução de Danos e modos de cuidar; e, posteriormente, a construção do Varal da Redução - agregando as concepções pessoais dos integrantes da turma sobre a RD e as reflexões fomentadas pelo debate. 

Foi um encontro horizontal e fluido, com uma turma que se mostrou bem sintonizada e conhecedora dos temas discutidos. Ademais, o que mais nos fez e faz vibrar é a importância de um encontro deste tipo, tendo em vista que profissionais de psicologia e enfermagem, frequentemente, atuam em conjunto nos serviços de saúde, o que torna estes diálogos necessários e extremamente potentes. 

Após mais de duas horas de uma deliciosa discussão, foi construído o Varal que ilustrou as estratégias de cuidado e Redução de Danos que cada um concebe e adota para consigo e com o outro. Encontramos pessoas comprometidas com a democratização e a humanização dos espaços e concepções de saúde, que reforçam o movimento de luta coletiva por modelos alternativos de vida e sociedade. Que mais processos como este venham a acontecer!


Roda de Conversas sobre a Reforma Psiquiátrica, a Luta Antimanicomial e o contexto político atual. 

Discutir a Reforma Psiquiátrica e o caminhar (ou o estancar) da Luta Antimanicomial, em tempos sombrios, no espaço acadêmico, foi (e é) não só pertinente, mas urgente. Estamos em tempos de gritos e não mais de sussurros! Somos afetados e afetadas, diariamente, e utilizamos tal afeto, a la Espinosa com pitadas de Deleuze, enquanto potência para nos levar à existência e à resistência. 

A arte do bom encontro nos permitiu unir forças, no dia 18 de maio de 2017, para dialogar e refletir sobre os modos de cuidar de ontem e de hoje, o olhar para a subjetividade, os direitos humanos, a ética e a implicação destes na vida das pessoas. 

Com a contribuição do professor e psicólogo Felipe Paiva, e do professor e psiquiatra Edmundo Gaudêncio; estivemos reunidos e reunidas com alunos e alunas de vários períodos do curso de Psicologia da UFCG, além de pessoas advindas de outros cursos e outras instituições. 

Iniciamos a tarde com uma contextualização do panorama político atual e as suas implicações no contexto da Saúde, como um todo, mas com foco na Saúde Mental. Além disso, pudemos fazer uma caminhada histórica por todo o processo de (des)manicomialização  - entendendo de onde surge a compreensão da loucura tal qual (ainda) a empreendemos hoje, assim como os movimentos que buscaram e buscam tirá-la do lugar de abjeto e realocá-la para o lugar social/real/vivo - ou de produção de vidas. Trouxemos, por fim, uma reflexão necessária a respeito do espaço - e/ou da ausência dele - das pessoas que requerem atenção mediante o uso problemático de álcool e outras drogas enquanto sujeitos, muitas vezes, de um não-lugar nas discussões da Saúde Mental e nas próprias práticas de cuidado. 

Foi um encontro extremamente potente! 
Atravessado por questões importantes e uma construção coletiva. 

Pudemos sair provocados e provocadas a pensar o nosso lugar num movimento que já está posto e que não é estanque. Aliás, que requer luta e forças cotidianas em um momento marcado por muros ideológicos e camisas de forças sem laços ou cordões. 





Cine Antimanicomial - Organização do Centro Acadêmico de Psicologia 


O filme “Bicho de Sete Cabeças” sempre proporciona um misto de sentimentos e inquietações, que nos leva a refletir sobre o que nós estamos fazendo e sobre o que poderíamos fazer para modificar esta realidade manicomial e encarceradora... E foi a sua exibição que conduziu a discussão ocorrida no encerramento da programação da Semana da Luta Antimanicomial, realizada no CCBS/UFCG.



Durante a discussão, foram trazidas considerações sobre os processos e os discursos que legitimaram a exclusão da loucura do convívio social, que ocorreu a partir da justificação do louco enquanto detentor da “desrazão”, logo, uma categoria “perigosa” para a sociedade. Foi pauta do debate também o percurso que fez com que a loucura se tornasse doença mental, levando-a ao domínio científico, objetificada pela Psiquiatria. Desse modo, a Psiquiatria e os discursos médicos passaram a centrar o seu saber na doença mental e não no sujeito. 

Contudo, o advento da Reforma Psiquiátrica acarretou transformações no pensamento do sofrimento mental, que possibilitou o surgimento de novos espaços e ações de promoção à saúde, com foco no sujeito e não mais na doença, almejando um novo lugar social para a loucura. Nesse sentido, entendemos a Reforma Psiquiátrica como um processo social complexo, que, ao colocar a doença entre parênteses, passa a ter um novo olhar aos sujeitos em sofrimento psíquico. 

Desse modo, as falas ocorridas durante o debate fortaleceram e potencializaram o papel dos profissionais que atuam na Saúde Mental no tocante à promoção da transformação desses estigmas, que deve ocorrer através de uma atuação política, de forma solidária e com compromisso ético, pautada na garantia dos direitos humanos e na redução das desigualdades sociais.

Saímos do encontro motivados e convocados a pensar, criar e inventar formas e estratégias que possam contribuir para a modificação de estigmas e estereótipos tão fortalecidos historicamente e culturalmente, a fim de promover a transformação dessa sociedade excludente e lutar contra quaisquer formas de reducionismos. E esta transformação deve começar em cada um de nós. Através de exercícios diários e cotidianos fecharemos os manicômios que habitam em nós e em nossas práticas discursivas...

Esperamos ainda que a poesia do saudoso Belchior esteja presente na caminhada dos profissionais que atuam com a saúde mental, e que amar e mudar as coisas (sempre) interesse mais...



Escrito por Aleff Aleixo, Camilla de Melo e Jully Rocha.
06:21

ANVISA RECONHECE A CANNABIS COMO PLANTA MEDICINAL

by , in

Com a publicação da Resolução nº 156, de 5 de maio de 2017 (DOU de 08/05/2017), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária incluiu a Cannabis Sativa L. na lista das Denominações Comuns Brasileiras como planta medicinal. 

Embora o reconhecimento da utilidade terapêutica da planta não afaste, a princípio, a criminalização de seu cultivo não autorizado, trata-se de inegável avanço na perspectiva do acesso à saúde, abrindo caminho para a urgente regulação da produção, distribuição e consumo para fins medicinais, demanda já reconhecida pelo Poder Judiciário.

A Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas parabeniza por essa importante conquista todos e todas que há décadas lutam contra o obscurantismo científico imposto pela proibição, que fez vítimas seus filhos e filhas da letargia das agências reguladoras do Estado.

07:24

JUÍZA AUTORIZA CULTIVO DA MACONHA PARA TRATAMENTO MEDICINAL NA PARAÍBA

by , in
Decisão da Justiça Federal da Paraíba foi tomada em liminar e restringe uso apenas para fins terapêuticos. A ABRACE atende atualmente 151 pacientes de associação, que precisam da maconha. As informações foram retiradas do G1.


Vídeo exibido no Fantástico no dia 30/04/2017. 

"A Justiça Federal na Paraíba autorizou que a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (ABRACE), em João Pessoa, mantenha o cultivo e a manipulação da maconha para fins medicinais. A autorização surgiu por meio de uma liminar até a obtenção da resposta definitiva da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A permissão é destinada somente para atender os 151 pacientes associados ou dependentes dos associados da ABRACE, listados no processo.

A decisão foi da juíza federal da 2ª Vara, Wanessa Figueiredo dos Santos Lima. Mas, ela determinou também que a ABRACE adote todas as medidas ao seu alcance para evitar a propagação indevida da planta maconha e do extrato fabricado a partir dela. Para isso vai ser mantido um cadastro de todos os pacientes beneficiados, com necessidade comprovada.

Para o cadastro também é exigido que se apresente o “documento de identificação pessoal do próprio paciente e do seu responsável, se for o caso; receituário prescrevendo o uso de produto à base de maconha; laudo demonstrativo de se tratar de caso para o qual já foram tentados, sem sucesso, todos os tratamentos registrados; e informações da quantidade de óleo recebida e das datas de cada entrega”.

A magistrada estabeleceu ainda que a Anvisa receba esse pedido de Autorização Especial no prazo de 45 dias. Ao falar sobre a evolução do uso medicinal da maconha, a magistrada federal fez o registro de decisões da 3ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal e da 1ª Vara da Paraíba, autorizando pacientes a importar tais produtos, o que ainda foi considerado um entrave para famílias carentes em virtude dos custos envolvidos. “O custo mensal pode superar R$ 1.000,00, valor que pode torná-lo inacessível para famílias de baixa renda”, afirmou ela.

Sobre os altos custos, a juíza citou que há ação na 3ª Vara Federal da Paraíba, em que se pede o pagamento desses produtos pelo SUS, mas a decisão favorável de 1º grau foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. “Diante desse dilema, pais de crianças que já experimentaram bons resultados com o tratamento passaram a impetrar habeas corpus para obter salvo conduto a fim de cultivar a planta maconha em suas próprias residências”, concluiu.

Na análise do pedido, a juíza afirmou que tanto a autora ABRACE quanto a ANVISA e UNIÃO, reconhecem a permissão, na lei brasileira, do cultivo e da manipulação de plantas para fins exclusivamente medicinais e científicos. A dúvida é saber se esse direito já pode ser exercido no país.

Na defesa, a Anvisa argumentou que não há regulamentação para que seja concedida a autorização. Mas a magistrada entendeu a “alegação de falta de regulamentação da lei não permite afastar o exercício do direito por aqueles que necessitam dos produtos em questão para preservar sua saúde” e que, na ausência de norma administrativa mais específica, a Resolução 16/2014 da Anvisa “pode ser usada satisfatoriamente para analisar pedido de cultivo e manipulação da maconha para fins médicos, proporcionando o controle estatal da atividade sem sacrificar completamente as necessidades dos pacientes”.

Para chegar a essa conclusão, a magistrada se fundamentou ainda nas convenções internacionais e na lei, que estabelecem expressamente a possibilidade de cultivo e manipulação de produtos contendo substâncias entorpecentes e/ou psicotrópicas com fins exclusivamente medicinais, dentre os quais os extraídos da maconha. “Essa previsão decorre do direito à saúde e da garantia da dignidade da pessoa humana, constitucionalmente assegurados”, ressaltou.

A juíza lembrou também que os produtos formulados à base da maconha cuja importação atualmente é admitida no Brasil não são classificados como “medicamentos” em seus países de origem, mas como suplementos e, por isso, um produto similar com fim medicinal que venha a ser fabricado no Brasil contendo essas substâncias não deve ser submetido a um controle mais rígido do que os importados.

No processo, há inúmeras prescrições médicas, algumas delas acompanhadas de laudos descrevendo o quadro dos portadores das doenças. “Esses relatos não deixam dúvidas sobre a necessidade imediata de tais pacientes terem acesso aos extratos da maconha, de forma continuada, sem interrupção do tratamento. Demonstram também que o uso dessas substâncias tem sido a última alternativa terapêutica, buscada depois que todos os medicamentos registrados foram ineficazes para obter um controle satisfatório das crises e sintomas de suas doenças”, complementa.

Para a concessão da liminar, a magistrada considerou a urgência no pedido, para evitar descontinuidade no tratamento dos pacientes que já se beneficiam do óleo extraído da maconha manipulado pela ABRACE. “Caso futuramente se entenda impossível o cultivo e a manipulação da maconha pela autora, estes deverão cessar de imediato”, destacou".

My Instagram