PENSANDO A REDE COM A REDE

Nos dias 25 e 26 de julho de 2016, o Projeto Redes da Fiocruz, em parceria com o NUD e a Prefeitura de Campina Grande, realizou uma atividade voltada para os profissionais de saúde, assistência social, Conselho Tutelar e outros setores que integram o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes. Este momento contou com a contribuição e mediação de Alexandre Merrem, educador social que aceitou contribuir com uma metodologia participativa que envolveu todas e todos em atividades que deram espaço para a reflexão, a discussão e a compreensão dos serviços que são prestados e da importância do diálogo entre eles. O objetivo deste encontro foi articular a rede de garantias de direitos e assistência à criança e ao adolescente na cidade de Campina Grande, além de proporcionar um momento no qual os trabalhadores e as trabalhadoras desses serviços se conhecessem e pudessem estabelecer vínculos. 

No primeiro dia foram realizadas algumas atividades metodológicas que solicitavam dos grupos de serviços que cada pessoa integrante elaborasse o percurso de sua trajetória até o momento presente, escolhendo três grandes acontecimentos que tivesse marcado ou colaborado com sua trajetória. Em seguida, foi solicitado que, em grupo, divididos por serviços, respondessem quatro questões que indicariam o foco/objetivo do serviço que os mesmos representavam. 

Logo depois foi solicitado que cada grupo de serviço desenhasse algo que representasse o próprio serviço em articulação com aqueles que ali estavam, se de fato estivessem articulados. Nesta atividade houve certa tensão, pois alguns dispositivos não conseguiram se enxergar na representação de alguns outros; momento no qual houve uma inquietação por parte de algumas pessoas, pois haviam sentido que a comunicação e a articulação não era bem como parecia. 

No segundo dia os grupos fizeram um trabalho em torno de suas luzes e sombras, ou seja, o que enxergavam enquanto pontos positivos e negativos do/no serviço.  Nesta atividade foram percebidas algumas sombras em comum, como a falta de diálogo com outros dispositivos, falta de espaço para discutir casos, falta de capacitação para profissionais, assim como a falta de comunicação (muitas vezes) dentro do próprio espaço de trabalho. 

No fim do encontro, foi proposto que cada grupo escrevesse suas tensões e possíveis desafios para solucionar essas tensões. Dentre as propostas e desafios colocados, podemos destacar a realização de mais atividades de formação que proporcionassem o (re)encontro dos dispositivos, além do comprometimento de estarem mais abertos ao diálogo, assim como a novas parcerias. Além disso, a divulgação de muitos dispositivos que, inúmeras vezes, são desconhecidos pela própria comunidade e por outros serviços, o que acaba gerando um excesso de demanda para muitos. 

Em todos os momentos das atividades, as falas desembocavam em um mesmo ponto: os usuários e as usuárias dos serviços que ali estavam sendo representados. Não foi refletido só o objetivo de cada um, assim como a missão individual; mas o foco que os unia e que insistia que eles pensassem de forma intersetorial - ainda que cada um tivesse suas especificidades.  

Desse modo, pudemos perceber que o encontro mexeu com as pessoas que ali se encontravam. Foram dois dias de inquietações, reflexões e (auto)conhecimento - enquanto serviço/servidores, mas principalmente enquanto sujeitos. Sujeitos que, para além das questões objetivas da vida cotidiana, possuem a missão/função e a oportunidade de garantir os direitos das crianças e adolescentes.

Escrito por Íris França, colaboradora do NUD, estudante de Psicologia da UFCG.








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